domingo, 20 de novembro de 2011

Video do UCA

Video do UCA

"Nas Ondas do rádio vou aprendendo a Ser..."

NAS ONDAS DAS MÍDIAS VOU APRENDENDO A SER...

Marlene Correia Nakayama[1]
Escola Estadual de Ensino Fundamental Jardim das Pedras (SEDUC/RO)
Resumo: Trata-se de um projeto de ensino realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental Jardim das Pedras, no município de Ariquemes RO, com alunos dos Anos Finais do Ensino Fundamental que apresentavam dificuldades de aprendizagem quanto à leitura e escrita. A partir de um diagnóstico feito em 2009 com esses alunos foi possível detectar um número relevante de estudantes que apresentavam dificuldades na grafia, interpretação e análise de texto oral e escrito.  Constatou-se, também, por intermédio das produções realizadas durante o diagnóstico, que um número expressivo de alunos apresentava simpatia pelas mídias material impresso e rádio. Assim, emergiu a idéia de fazer uso dessas mídias enquanto instrumentos de superação das dificuldades de aprendizagem atinentes a leitura e a escrita apresentadas por esses alunos.
Palavras-chave: Mídias; Dificuldades de aprendizagem; Superação de dificuldades; Ensino-aprendizagem.

1. Introdução: considerações iniciais de um despertar
A educação brasileira vem evidenciando problemas significantes no que tange o fracasso do ensino oferecido nos âmbitos escolares, uma vez que todos os dias somos bombardeados por notícias que evidenciam a má qualidade do ensino formal.
Segundo o PCN- Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN-V2. 1997. P.19), “os índices brasileiros de repetências nas séries iniciais (...) estão ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e escrever”, principalmente no fim do primeiro (1º) e quinto (5º) Ano do Ensino Fundamental. Tal realidade gera um impasse social que impossibilita situações autênticas de diálogo, favorecendo relações de desigualde social, política, econômica e, conseqüentemente, de participação ativa na sociedade.
As tecnologias da informação e comunicação e mídias, em geral, têm papel fundamental no processo educacional, na medida em que elas se tornaram presentes no cotidiano do alunado, independente da classe social em que estão inseridos.
Partindo das premissas citadas acima, foi possível perceber que a Escola Estadual de Ensino Fundamenal Jardim das Pedras, localizada no município de Ariquemes RO, também não estava fora deste contexto, uma vez que os alunos apresentavam grandes dificuldades em relação ao domínio da Língua Portuguesa e seus desdobramentos textuais, bem como estavam envoltos em um mundo midiático que os concectavam a um universo de informações inimagináveis.
Atualmente, as salas de aula traduzem um universo cuja idiossincrasia não mais reflete os aspectos educacionais do momento vivido, mas instaura um movimento social no qual o conceito de local não mais se limita ao espaço escolar, município, estado e região, mas sim um espaço que se ampliou substancialmente por meio das diversas e distintas mídias que fazem parte do cotiano educacional.
Entretanto, essa observação que hoje parece ser tão expontânea, não se caracterizou como algo visivelmente identificável, mas foi consequência de observações que, em seu início, foram desprovidas de método, sendo compreendidas empiricamente.
Para compreendermos isso, necessário remontar o ano de 2009, quando a equipe gestora, juntamente com os professores da Escola Estadual de Ensino Fundamenal Jardim das Pedras, realizou um diagnóstico com os alunos do 6º ao 8º ano, a fim de identificar, quais eram as dificuldades e/ou necessidades especiais por eles apresentados quanto à leitura e a escrita.
Dessa forma, foi solicitado aos alunos que resolvessem testes com base nos modelos de avaliação do Gestar II, priorizando a interpretação e escrita de tipos e gêneros textuais.
Nesse sentido, verificou-se uma defasagem significante no processo da leitura e interpretação escrita e oral dos textos aplicados no diagnóstico.
Tal situação, indubitavelmente, gerou grande debate entre professores e gestores, uma vez que necessitávamos, naquele momento, de uma metodologia adequada para sanar as dificuldades apresentadas pelos alunos.
Durante os diálogos, a equipe percebeu, também, que os alunos apresentavam grande simpatia por algumas mídias, ficando evidente a influência do rádio no cotidiano deles, bem como o prazer pela produção de materiais impressos.
Diante dessas informações, e por acreditar na relevância da comunicação do rádio como elemento fundamental na transmissão de educação e cultura, pois, como menciona Pinto (1923, p.2) um dos percussores do uso rádio como recurso tecnológico de aprendizagem – “o rádio é a escola dos que não tem escola”.
Assim, o grupo de professores e a equipe gestora da escola decidiram organizar um projeto de ensino que auxiliasse os alunos na superação das dificuldades de aprendizagem quanto à leitura e a escrita, tendo como eixo incentivador as mídias rádio e material impresso, uma vez que essas despertavam uma influência significativa nos alunos participantes do projeto.
Nesse contexto, a ideia inicial consistia em fazer um programa de rádio por meio da Rádio Pátio Escolar[2] em parceria com a Rádio Comunitária Verde Amazônia de Ariquemes, promovendo, assim, um projeto que despertasse nos alunos um interesse na produção de textos e, consequentemente, na leitura desses, na Rádio Pátio da escola, possiblitando o desenvolvimento da capacidade textual e oral dos alunos.
2. Construindo o quadro de referência  
Delinear um projeto de ensino dentro de um ambiente escolar instaura uma série de situações que promovem encontros e desencontros dos atores envolvidos. Encontros e desencontros marcados não só pela complexidade do trabalhar em conjunto, mas pela necessidade de promover uma ressignificação da problemática em questão.
Nesse contexto, foram usadas diretrizes lineares para instaurar os diálogos que norteariam o projeto, propondo assim uma metodologia, por meio das mídias rádio e material impresso, que superasse as dificuldades de aprendizagem dos alunos, sendo todas as discussões alicerçadas em questões que abordassem assuntos, tais como: ética, o Estatuto da Criança e do Adolescente, (direitos e deveres); meio ambiente; saúde; sexualidade e violência na família e na escola.
Diante desse quadro, o desafio proposto não consistia em apenas promover uma programação na Rádio Pátio da escola e produzir materiais impressos, mas fazer uso dessas mídias enquanto instrumentos significativos de aprendizagem.
Porém, o grupo tinha consciência de que diante das mídias disponíveis, tais como TV, vídeo, informática; o material impresso, assim como o rádio, traduzia experiências educativas de concepções mais conservadoras, com características próprias, podendo não atingir os preceitos educativos esperados.
Em função disso o primeiro encontra com a direção da Rádio Verde Amazônia teve como objetivo explicitar o que se pretendia em termos educacionais com a parceria estabelecida entre a escola e a Rádio Verde Amazônia. Pois, diante dos resultados obtidos através do diagnóstico aplicado pelos professores, o objetivo candente do projeto era justamente o de dirimir as lacunas educacionais referente à aprendizagem da leitura e da escrita, portanto, o desafio era justamente de fazer uso dessa mídia como um instrumento de aprendizagem, associado a produção de materiais impressos.
Esse diálogo tornava-se necessário para a constituição e efetivação do projeto, pois o grupo de professores, assim como a equipe gestora, não poderia perder o parâmetro de referência oriundo da análise dos resultados do diagnóstico feito.
Dessa forma, foi construído um quadro de referência que auxiliou o grupo a manter o posicionamento dos objetivos a serem alcaçados no projeto. Assim, mediante a análise das produções textuais dos alunos, bem como a interpretação dos diálogos que foram realizados durante o diagnóstico, foi possível estabelecer um comparativo por ano das principais dificuldades e/ou necessidades apresentadas pelos alunos, conforme explicita o Quadro 1 de referência abaixo:
               
Série/ano
Dificuldades/necessidades especiais
8º ano
Leitura, Escrita e interpretação
7º ano
Leitura e escrita
6º ano
Escrita e interpretação
Quadro 1 . Dificuldades e/ou necessidades apresentadas pelos alunos por ano.
2.1 Estabelecendo vínculos: primeiras atividades
Esse projeto por si só fomenta um profundo diálogo com o outro, pois o mesmo intenta superar as dificuldades de aprendizagem por meio da ação comunicativa.
Nesse contexto, não seria possível esquecer Madalena Freire, em suas palavras:
Ver é buscar, tentar compreender, ler desejos. Através do seu olhar, o educador também lança seus desejos para o outro. Para escutar, não basta, também, só ter ouvidos. Escutar envolve receber o ponto de vista do outro, abrir-se para o entendimento de sua hipótese, identificar-se com sua hipótese, para compreensão do seu desejo. (...) Para falar, não basta ter boca, é necessário ter um desejo para comunicar. (1992, p.11)
Nesse sentido, o primeiro passo do projeto foi dialogar com professores, gestores, pais dos alunos e parceiros para apresentar a proposta e planejar as ações desenvolvidas durante a efetivação.
Feito a apresentação do projeto à comunidade escolar, o primeiro passo foi conversar com os alunos sobre a metodologia, a importância da participação, organização do horário e a necessidade do cumprimento das tarefas extras, sendo condição singular do projeto a análise cotidiana das ações e o registro dos textos.
Desta maneira recorro novamente à Madalena Freire (1992), quando cita a importância de “ouvir o outro”, pois uma das primeiras ações realizadas foi ouvir os desejos dos alunos, seus sonhos, compreeender sua forma de olhar a escola, a família, desvelar suas representações acerca dos amigos, enfim, tentar conhecer esse grupo que não poderia apenas ser percebido como os alunos que apresentavam dificuldades de aprendizagem.
Esse contato inicial foi essencial para o estabelecimento da confiança entre professores e alunos, pois naquele momento os laços emocionais se estreitavam à medida que o diálogo constituia uma constante na vida de ambos.
Após estabelecermos os vínculos necessários para a efetivação do projeto iniciamos as primeiras atividades de ensino, objetivando assim o delieneamento dos passos iniciais na direção da superação das dificuldades de aprendizagem apresentadas pelos alunos.
Assim, como atividade constituinte do projeto, os alunos assistiram ao filme O arroto do Boitatá, porém sem orientação prévia alguma.                                                                                            Ao final do filme foram iniciados os primeiros diálogos com o objetivo de analisar oralmente os acontecimentos, cenário, personagens fictícios e reais, folclore, região, cultura indígena, artesanato, importância da reciclagem, tecnologia utilizada no filme, mitos e conservação do meio ambiente.
 Segundo Garcez (1998), o mundo contemporâneo cria condicionantes sociais que nos permitem viver imerso em um mundo de imagens. A competição comercial, própria do capitalismo, associada às facilidades da imprensa, da fotografia, do cinema, da televisão e dos computadores, faz com que sejamos mergulhados em um universo em que aspecto visual é preponderante.
Nesse sentindo o filme O arroto do Boitatá ofereceu um universo de linguagens: formal, coloquial e regional, na medida em que seu enredo focalizava a cultura amazônica (lendas indígenas, mitos, visão ambiental), podendo assim dialogar não só com a cultura local, mas com outras culturas advindas dos depoimentos dos alunos.
Dinte desse quadro, importante mencionar Tagore(1994 p.7.apud.AZEVEDO) quando explicita que ”educar não é reprimir, mas ao contrário, exprimir, liberar. Também não imprimir, mas ao contrário, fazer brotar, fazer emergir”, uma vez que o processo educacional se constitui por elementos dialógicos, não sendo possível compreender o fazer educativo distante da ação comunicativa, estando essa diretamente ligada ao universo textual.
 Assim, o objetivo era dirimir não só as deficiências constatadas na leitura (oralidade), mas equacionar também as fragilidades apresentadas nas produções textuais. Nessa perspectiva, necessário tornou-se o diálogo acerca dos pontos candentes em relação ao filme, sendo oportunizado aos alunos não apenas a discussão, mas a produção de textos reflexivos acerca do filme assistido.
Posteriormente iniciamos as atividades com a rádio, pois almejavamos, naquele momento, fazer uso dessa mídia como um meio singular para a realização das produções textuais, uma vez que os alunos poderiam organizar os programas de rádio, bem como a divulgação desses através de materiais impressos dentro e fora da escola.
Para tal organizamos uma visita com os alunos a Rádio Verde Amazônia para conhecer seu funcionamento, e alí os alunos tiveram a possibilidade de conversar com o locutor/radialista acerca das técnicas usadas durante a apresentação dos programas, aprendendo sobre a linguagem utilizada, postura, bem como o funcionamento dos equipamentos de som.
A visitação à Rádio, naquele momento, proporcionou uma experiência educacional diferenciada, pois os alunos tiveram a oportunidade de conhecer algo que cotidianamente despertava seu interesse, mas que não tinham ciência dos mecanismos de seu funcionamento.
Entretanto, não tínhamos o interesse apenas em criar momentos de conhecimentos de novas realidades, o que também é significativo, mas o intento principal era o de minimizar as fragilidades de aprendizagem quanto a leitura e escrita.
Assim, após a visitação a Rádio Verde Amazônia, o grupo retornou para a escola e dialogamos acerca da experiência vivida, experiência esta que motivou mais ainda a ideia de criarmos nossa própria rádio dentro da escola, uma vez que já tínhamos os recursos financeiros para adquirir os equipamentos e realizar sua instalação. Porém, devido às obras de ampliação da escola, não foi possível, em tempo hábil, colocarmos em funcionamento a Rádio Pátio da escola.
Diante disso, não houve possibilidade de criarmos uma rádio dentro da escola, entetanto, continuamos com a produção de material impresso, sendo divulgados os textos oriundos das discussões feitas acerca de temas, como: sexualidade, violência, ética, entre outros.
Mas o desejo em relação à rádio não se esgotou, nem por parte dos professores, nem por parte dos alunos, sendo consenso do grupo a realização de outras visitas à Rádio Verde Amazônia. Assim, outras visitas aconteceram e, em decorrência dessas visitações, os alunos foram convidados a participar do programa Ariquemes Terra Viva.
Importante salientar, também, que a participação dos alunos no programa Ariquemes Terra Viva não se restringiu somente a entrevista, coube ao grupo a edição do programa, cujo tema abordou a Violência no Contexto Escolar e Familiar, escolhido pelos próprios alunos.
Esse movimento pedagógico gerado entre escola e Rádio suscitou inúmeras possibilidades dialógicas entre professores e alunos, uma vez que as atividades, inicialmente restritas a discussões ocorridas em sala de aula e, posteriormente divulgadas em material impresso na escola, agora delineavam grandes colóquios acerca de temas atuais que poderiam ser veiculados em um programa de rádio local.
Destarte, o tema Violência no Contexto Escolar e Familiar foi um exemplo disso, pois retrata um dos problemas da contemporaneidade, que necessita ser discutido nas escolas. De acordo com pesquisa realizada por SANTOS (2008), com um grupo de 40 crianças, com idade entre 08 a 11 anos, (não consta local e cidade na pesquisa) aferiu que: 53% delas foram agredidas na escola; 88% viram colegas sendo agredidos; 78% disseram que a culpa da violência é dos pais e 53% acham que os games violentos e os programas de ação apresentados na TV contribuem para um comportamento violento. Quando indagados se os pais os orientam em relação ao comportamento respeitável, 85% afirmaram que sim.
              Nessa direção, discutir temas como esse nas escolas resgata não só um aspecto teórico, mas instaura a percepção de que o ato educativo é também um ato político (FREIRE, 1987), denunciando, assim, a inércia das políticas públicas para a educação na sociedade atual.
            Nesse contexto, a problematização do tema Violência no Contexto Escolar e Familiar, realizado com os alunos participantes do projeto, serviu de referência para reflexão e produção textual desses sobre como a família, escola e os alunos poderiam contribuir para diminuir a violência não só dentro do ambiente escolar, mas nas diversas instâncias sociais.
Assim, esses diálogos, que foram registrados pelos alunos, serviram como subsídios para o aprofundamento e enriquecimento dos diálogos que fez parte do programa Ariquemes Terra Viva.

3. Considerações finais: um projeto inacabado
Para delinearmos as considerações finais desse trabalho importante mencionar La Rosa, um dos teóricos que subsidiou nossos diálogos durante a elaboração do projeto. Como menciona La Rosa (2003) somos saudáveis na medida em que nossas relações são saudáveis.
Nesse sentido, foi possível perceber que as relações interpessoais dos atores do projeto foram de suma importância para a constituição e efetivação das proposições pedagógicas, culminando, assim, em momentos significantes para a minimização das dificuldades de aprendizagem do grupo de alunos envolvidos projeto.
Inicialmente o foco central do projeto pautava-se na estruturação de atividades que possibilitassem a superação das dificuldades e/ou necessidades de aprendizagem dos alunos quanto à leitura e escrita, sugerindo, assim, uma questão meramente metodológica.
Entrementes, durante os desdobramentos do mesmo foi possível perceber que as questões pertinentes às fragilidades de aprendizagem não estavam unicamente ligadas a uma questão de ausência metodológica por parte dos professores, mas perpassavam questões relacionais, como menciona La Rosa (2003), sendo visivelmente compreendidas pela ausência de mecanismos que despertassem o interesse dos alunos.
Poderíamos até pensar que a ausência desses mecanismos refletiria uma questão metodológica, entretanto, corroboro a premissa de que sem uma razão de ser do próprio aluno em relação ao conteúdo apreendido não há aprendizagem significativa. Nesse sentido, La Rosa afirma que “todas as aprendizagens são importantes, porém a sua relevância depende de seu conteúdo e do que significa para o aprendiz ― quer dizer, o quanto ela modifica o indivíduo, e em que sentido ela o faz”. (2003, p.71)
 Dessa forma, com o desenvolvimento do projeto, foi possível compreender que a apropriação realizada pelos alunos das mídias material impresso e rádio instauravam os mecanismos de aprendizagem necessários para atribuir significado aos conteúdos trabalhados, possibilitando, assim, uma dinâmica cotidiana que oportunizava a eles serem os partícipes da ação pedagógica, não apenas meros reprodutores de um conhecimento que não estabelecia sentido e significado.
Outro ponto, também marcante, percebido durante a execução do projeto, foi a autonomia que o grupo ganhou durante a efetivação das atividades, assumindo a responsabilidade pela escolha dos temas abordados na escola, o registro das informações relevantes, elaboração dos materiais impressos, delineamento das produções textuais que subsidiavam o diálogo na Rádio, bem como a escolha dos alunos que seriam entrevistados durante o programa Ariquemes Terra Viva.
Pensar o fazer pedagógico a partir de uma dimensão autônoma traduz não apenas um fazer educacional, mas um movimento social que constitui a assunção dos homens e mulheres enquanto seres políticos e, consequentemente, dialógicos.
A dialogicidade, nesse caso, não se configura apenas como um elemento comunicativo, mas sugere como explicita Demo que “a politicidade do conhecimento inclui sempre o reconhecimento de que todos são sujeitos capazes de história própria, dependendo das oportunidades que se abrem e da capacidade de iniciativa”. (1999, p.2)
Outra situação, também merecedora de destaque, foi a mudança signifativa que os alunos tiveram em relação ao uso da linguagem oral. O comportamento dos alunos no início do projeto era caracterizado por uma incipiência explícita em relação ao uso da linguagem oral, demonstrando timidez, desinteresse e ausência de motivação.  Porém, com o desenvolvimento das atividades, aos poucos, foram adquirindo confiança, falavam mais, emitiam opiniões sobre os temas discutidos. Notou-se, ainda, uma nítida mudança em relação ao comportamento em sala de aula, em relação à comunicação com os professores e colegas.
Ainda na mesma direção, essencial discorrer acerca da superação das dificuldades de aprendizagem dos alunos em relação à escrita, sendo possível constatar, em função das produções textuais realizadas em sala de aula, que os mesmos criaram ambientes de aprendizagem cooperativos, uma vez que o cuidado principal era de produzirem textos com coerência e que não possuíssem erros de Português, uma vez que os mesmos seriam veículados na própria escola.                                                                                                         
 A mídia material impresso foi fundamental para embasamento e análise dos textos produzidos pelos os alunos, uma vez que ofereceu respaldo teórico para percepção das conquistas gradativas em relação ao desenvolvimento da escrita, interpretação e coerências lingüísticas.
Pode-se afirmar que trabalhar o código lingüístico demanda um longo tempo, porém foi possível perceber as conquistas na medida em que alunos que apresentavam grandes dificuldades quanto à leitura e escrita foram capazes de produzir vários textos, realizar análises interpretativas de filmes, gravuras, hipertextos e hipermídia, e, principalmente, produzir com a orientação do editor da Rádio Verde Amazônia um programa de rádio, comprovando que são capazes de superar suas dificuldades de aprendizagem.
Nesse contexto, tivemos condições de inferir acerca da relevância das mídias na educação, uma vez que essas não refletem apenas uma condição metodológica ou de recurso, mas instaura uma percepção distinta em relação ao fazer educativo.
Essa distinção é materializada na medida em que professores e alunos assumem condicionantes de sentido e significado em relação ao conteúdo trabalhado, sendo as mídias compreendidas enquanto agentes singulares para efetivação do fazer educativo em função de seu caráter de aproximação relacional dos atores envolvidos e, consequentemente, dialógico.
As mídias utilizadas, nessa perspectiva, possibilitaram aos alunos e professores um fazer educativo que transcende a dimensão comunicacional, suscitando, assim, uma práxis pedagógica dialógica que oportuniza o encontro das diferenças, resgata a história de seus participantes, bem como fomenta a autonomia dos atores envolvidos. (FREIRE, 1996)
Nessa direção, marcante foi a apropriação que os alunos fizeram das mídias durante a execução do projeto, sendo visível o envolvimento do grupo em todas as etapas do trabalho, desde a escolha dos assuntos que seriam discutidos em aula; a produção textual decorrente dos diálogos; a preparação do material impresso para ser fixado nos murais da escola; as visitas à Rádio, bem como a edição do programa veiculado na Rádio Verde Amazônia demonstraram a possibilidade de fazer uso das mídias como um agente preponderante na minimização ou superação das dificuldades de aprendizagem no ambiente escolar.
Nesse prisma, importante salientar que o trabalho não está concluso, sendo esse o início de um diálogo que necessita ser aprofundado, uma vez que, em função do tempo que tivemos para elaboração e execução do mesmo, não foi possível levantar com a profundidade necessária, tampouco com os procedimentos metodológicos adequados, os resultados dessa proposição pedagógica.
Entretanto, foi possível inferir, mesmo sendo um projeto inacabado, que as matizes envolvidas nesse quadro em construção já apontam para novas cores e novos olhares em relação a utilização das mídias no ambiente escolar, sendo nítidas as mudanças apresentadas pelos alunos quanto a superação das dificuldades e/ou necessidades de aprendizagem diagnósticadas.
Assim, finalizo o presente artigo com a compreensão que temos muito ainda para fazer, deixando como proposta a equipe escolar da EEEFM. Jardim das Pedras a continuidade do projeto Nas Ondas das Mídias Vou aprendendo a Ser...

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARLOS, H.P. Filho; KÁTIAR. A.P. O rádio como instrumento educativo: estudo de caso do programa antenado. in: Curso de Especialização de Tecnologia em Educação. PUC. RJ. 2010
 DEMO Pedro, Politicidade da educação ou aprendizagem reconstrutiva. UCLA. Outubro. 1999. Disponível em: WWW.sapereaudare.hpg.com.br/.../texto 12.HTML.publicado em 05/05/2010.
FREIRE, M. O sentido dramático da aprendizagem in: GROSSI, P. Esther; BODIN, Jussara. (Orgs). Paixão de Aprender. 3. Ed. editora Vozes. Petrópolis. 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, 17ª Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 21ª ed.São Paulo:Paz e Terra,1996.
GARCEZ, L.H.C.As escritas e o outro.Brasília,UdUNB,Brasília.1998.
GIANNA. R.B.O. (Orgs). Conteúdos digitais multimídias; construindo novas práticas docentes. Maio 2009.
HORTA, Patrícia; TAVARES, Renato. Rádio e Educação: caminhos que se cruzam. Módulo Básico da mídia rádio. 2006.
LA ROSA, Jorge. Psicologia e Educação: O significado do aprender. 7. Ed. Porto Alegre EDIPUCRS, 2003.
LENISE. T.S. Inclusão digital e formação de professores: ”pesquisando pesquisa” curso de especialização: Tecnologias em Educação. PUC. RJ.2010.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensões do homem. 5. Ed. São Paulo: Cultrix. P.339. 1974.
MORAN, José Manoel. (2007) “As Mídias na Educação”,
Desafios na Comunicação Pessoal. 3ª Ed. São Paulo: Paulinas, 2007, p. 162-166.
PCN- Parâmetros curriculares nacionais. V.2. Língua portuguesa: Ensino de primeira à quarta série. I. MEC.1997.
SANTOS, Raimundo da Silva Junior. A agressividade na escola e na visão do aluno. 19/11/2008. Disponível em: PT. shvoong.com/...escola-da-vida (school-of-life).
WEIL. Pierre, TOMPAKOW. Roland. O corpo Fala; a linguagem silenciosa da comunicação não-verbal 64. Ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
TAGORE. Apud. AZEVEDO, Adriana. Escola e Comunicação: O rádio como instrumento de cidadania. Disponível em: HTTP://www.comidia.ufrn.br/toquederadio/html/artigo10.htm.                                                Acesso em 2


[1] Graduada em Pedagogia, Habilitação em Supervisão Escolar pela Fundação Universidade Federal de Rondônia. Especialista em Psicopedagogia e Gestão Escolar pela mesma universidade. Atualmente exerce a função de Diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental Jardim das Pedras no município de Ariquemes-RO

[2] Sistema de áudio composto por uma mesa, microfone e caixas de som instalados em ponto estratégico da escola.

Entrega do certificado de especialização ;Mídias na Educação


domingo, 25 de setembro de 2011

Marketing Cultural


Marketing Cultural
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Tarefa 1

Descrição de um evento

Projeto escola na Praça

Introdução

O Projeto Escola na Praça – uma parceria entre a Escola estadual de ensino fundamental Jardim das Pedras e Ponto de cultura Art Total - visa desenvolver atividades educacionais e culturais no período de 22 a 23 de novembro d e2011, com o objetivo de conscientizar a comunidade intra e extra escolar,bem como o entorno da Praça Vitória, espaço onde acontecerá o evento.Serão desenvolvidas ações educacionais como: conservação meio ambiente,saúde alimentar,atividades físicas e exposições de livros e ações culturais:danças típicas,coral d e violão,capoeira,grafite em camiseta e artesanatos confeccionados através das oficinas  do Ponto de Cultura Art Social.




Roteiro do planejamento do evento

- Apresentação da proposta para docentes, coordenadores e discentes da EEEFM. Jardim das Pedras;

- Busca de parcerias financeiras com as eventuais empresas patrocinadoras;

- Solicitação  do espaço físico  junto a prefeitura;

- Divulgação na imprensa audiovisual, redes sociais e impressas;

- Organização do espaço, decoração, barracas e outros.




Potenciais patrocinadores e suas motivações


Papelaria Teixeira, Casa do Esporte,casa e Pesca Ariquemes,Concessionária FIAT Gima,Centro cultural Lídio Shons,Farmácia de Manipulação  Empório Natural,Prefeitura Municipal de Ariquemes.
As empresas citadas são abertas a parcerias em contra partida a instituição divulga seus produtos por meio de exposições em estandes, banners,folders e  mídias ,durante a culminância do projeto.

Marlene Correia Nakayama – Ariquemes - RO